A CIDADE DO FUTURO COMEÇA AGORA
Por Francisco Lucas Ferreira Barbosa
Caros amigos e amigas, estou lendo o livro Gestão Urbana e Sustentabilidade, que tem como editores dois mestres da USP, Arlindo Philippi Jr e Gilda Coleet Bruna, um verdadeiro oásis de conhecimento para todos aqueles que exercem ou desejam exercer no âmbito da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência um cargo público, está obra foi a mim cedida pela inestimável Aline Florentino, professora universitária e ex-secretária de planejamento do município de Pombal-PB – que deixou feitos gigantescos à frente da pasta e é, sem dúvidas, uma inspiração para mim, ah, ela é uma apaixonada por Pombal e pela educação, temos isso em comum.
Entusiasmado com o compêndio, li recentemente mais um artigo, desta vez o escrito pela Advogada Ana Carla Bliacheriene, que versa sobre a Agenda 2030: ética e responsabilidade socioambiental na gestão das cidades do futuro. Como jovem e cidadão brasileiro preocupado com o presente e, principalmente, com o futuro, entendo que seja primordial pensarmos o mundo para daqui a alguns anos, esse futuro não tarda, está logo ali. A conexão entre a Nova Agenda Urbana e a Agenda 2030 nos proporcionará mais equilíbrio e segurança socioambiental, o que nos leva, indubitavelmente, a desenvolvermos uma boa ligação entre urbanização e a criação de emprego, oportunidades de subsistência e melhoria da qualidade de vida, não é amontoando pessoas sem a elas dar a dignidade assegurada pela Constituição Federal de 1988 que conseguiremos transpassar do atual cenário, marcado por forte desigualdade, para aquele que almejamos, o de equidade. Também é preciso utilizarmos de forma ética a tecnologia ao nosso favor. Construirmos uma agenda política de maneira horizontal com a participação popular, haja vista ser o Estado e o gestor um grande mediador social das questões que afetam a vida da população. É retrógrado aquele que pensar em uma participação quadrienal, ela tem de ser contínua e permanente, confesso que estou feliz por nisso termos avançado muito, atualmente já é possível vislumbrarmos uma democracia mais consolidada em solo brasileiro, para isso contamos com a valiosa contribuição da globalização, a que não é perversa como escreveu o geógrafo Milton Santos, pois por meio do mundo virtual tem-se acontecido diariamente discussões com eminente participação popular como, por exemplo, o combate ao racismo e cyberbulling, é importante frisarmos que esse meio precisa manter uma profícua relação com o mundo real e com aquelas questões que mais afetam a vida da sociedade. A meta é mergulharmos de vez na gestão societal, onde o cidadão está no centro de todas as decisões e demandas do Estado.
Nesse contexto, discutirmos os entes federados é muito importante, pois os municípios possuem uma relevância fundamental na concretude de tudo isso, afinal é neles que onde de fato a vida acontece, e lá que se faz vibrar o pulso das relações econômicas, como coloca Ana Carla. É inquestionável que estamos no século das cidades, e eu gosto delas, de estudá-las e refletir sobre como podemos torná-las melhores e mais equânimes. Ao versar sobre as urbes,
recordei-me da obra A Alma das Ruas, do escritor João do Rio que de forma brilhante afirma, a rua nasce, como o homem, do soluço e do espasmo. Há suor humano na argamassa de seu calçamento. A rua sente nos nervos essa miséria da criação e, por isso, é a mais igualitária, a mais socialista, e a mais niveladora dentre as obras humanas… há algo mais enternecedor do que o princípio de uma rua? A princípio capim, depois um braço a ligar duas artérias. Percorre-o, sem pensar, meia dúzia de criaturas. Um dia cercam à beira um lote de terreno. Surgem em seguida os alicerces de uma casa. Depois de outra e mais outra. Três ou quatro habitantes proclamam a sua salubridade e o seu sossego.
Ainda esta semana assisti a um vídeo do prefeito de Curitiba, Rafael Valdomiro Greca de Macedo GOMM, no qual ele falava acerca do real sentido de ser uma Smart Cities ou cidade inteligente, pautando-se no social. E agora, ao ler este artigo, melhor entendi sua fala, compartilho do pensamento da escritora quando ela elucida que todo e qualquer esforço para que as cidades se tornem inteligentes só faz sentido quando se conciliam componentes tecnológicos e sociais. Sou um nato defensor de que a tecnologia tem de estar, inquestionavelmente, a serviço do desenvolvimento social, do contrário ela pouco serve ou, de fato, não serve.
A cidade do futuro começa agora e depende intrinsecamente do entendimento de que do meio ambiente somos parte, e não senhores, essa relação da humanidade com o meio tem de ser harmônica e equilibrada, pois cuidar do lugar no qual vivemos deve ser prioridade e estar na pauta das discussões de todos nós cidadãos, afinal não se terceiriza o futuro e cabe a mim e a você, leitor, exercermos de forma plena a democracia representativa e, sobretudo, a democracia participativa.
Da antiguidade para o mundo contemporâneo, herdamos as ágoras, talvez agora as ágoras virtuais, mas que, reescrevo, devem manter permanente relação com o mundo real.
E aí, qual a cidade que nós queremos para daqui a alguns anos? Pensou? Pois bem, esse futuro começa agora e lembre-se de que só depende de nós!
Referências
JR Philippi, Arlindo e Bruna, Gilda Collet (org). Gestão Urbana e Sustentabilidade. Barueri, SP: Manole, 2019.
Fonte: Francisco Lucas Ferreira Barbosa
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